tag:blogger.com,1999:blog-75933022024-03-23T17:59:54.975+00:00A cinza das horas...<center><img
src='http://photos1.blogger.com/blogger/1712/649/320/cinza%20das%20horas.jpg' width=400></center>
O tempo passa incólume...o fogo outrora fúria incontida lentamente começou a perder intensidade!
As horas passam...as questões multiplicam-se...as dúvidas angustiam...a chama transforma-se em cinza!
Vem até mim se souberes as respostas!Esta é a cinza das horas...Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.comBlogger122125tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1158751247582030472006-09-20T12:19:00.000+01:002006-09-20T12:20:47.603+01:00Regresso...Para quem ainda me procura aqui...digo-vos que regressei em Tons de Vermelho<br /><br />www.tonsdevermelho.blogspot.comWalterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1154602268863899302006-08-03T11:50:00.000+01:002006-08-03T11:51:08.873+01:00Do fim...<b><span style="font-size: 12pt; font-family: "Times New Roman";">O tempo passou incólume...o fogo outrora fúria incontida lentamente acabou por perder toda a sua intensidade! Até as chamas clamaram pelas cinzas em breves metamorfoses. Porque ontem fui chama acesa em mim e hoje recriei-me nas cinzas dos afectos e das palavras.<span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""></span><span style=""></span><span style=""> </span>As horas passaram...as questões multiplicaram-se e as dúvidas, essas há muito que destilaram angústia e hoje são cálices de redenção. Abriram-se as portas do ser e da chama nasceu a cinza que dará lugar a novas chamas em ciclos perpétuos de fogo que emanam da minha vontade transcendente! Porque saberás onde me encontrar. Porque se vieres à minha procura saberás sempre onde me encontrar. Vem até mim se souberes as respostas! Esta foi a cinza das horas...Esta é a cinza das minhas horas.</span></b>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1152481553973616382006-07-09T22:43:00.000+01:002006-07-09T22:45:53.986+01:00Do que não te falei...<p class="MsoNormal">Nunca te falei do sítio onde morava. Não te falei de quartos erigidos a paredes de recusas e das janelas que abria para todos os silêncios que eu tornava ensurdecedores. Nunca te falei das cartas rasgadas, do soalho já gasto por todos os passos de clausura, de todos os versos brancos que deixei tatuados em mim. Nunca te falei de todos os modos em que me recriava em novas personagens para me esconder de mim. De ti. De nós.<br />Nunca te falei do sítio onde me encontrava, não te falei de como as minhas asas eram frágeis e de todas palavras etéreas que disfarçava de violinos para que não as reconhecesse como minhas.<br />Nunca te falei desse espaço que abriste de par em par, nunca te falei de todos os segredos que as paredes deste espaço quieto sussurravam, nunca te falei de quando abandonei as certezas e caminhei em direcção a ti. Porque tu não precisas de saber. Porque só tu me dás o encontro e o ser. Porque nunca te disse o quanto gosto de ti. Porque sei que o sabes. E se a dúvida se afigurar, pede-me um beijo. Só assim saberás o quanto gosto de ti.</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1150745677596496392006-06-19T18:05:00.000+01:002006-06-19T20:34:37.703+01:00Morrem as palavras em mim...Morrem as palavras na minha boca, porque as não sei dizer como precisas ouvir. Morrem as palavras em mim e ressuscitam em silêncios de fogo e mar. Porque eu sou o fogo e tu o mar que me envolve.<br />Morrem as palavras na voz amordaçada, nesta voz que esculpia esperas e recusas. Morrem as palavras que trago nas minhas mãos, nestas mãos que se demoram pelo teu corpo, que procuram as tuas e, sobretudo, que te procuram.<br />Morrem as minhas palavras em mim para ressurgirem ao som de violinos e de pianos na tua boca, porque podem morrer as palavras em mim, porque posso silenciar o que tenho para te dizer com um beijo, porque podem gastar-se as minhas palavras, apenas porque sei que ouvirás o seu eco em ti. Eu cada vez mais oiço as tuas palavras. Cada vez mais te oiço em mim. Cada vez mais vives em mim. E tu ouves?Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1149539502869050862006-06-05T21:15:00.000+01:002006-06-05T21:31:42.960+01:00Amanhecer...Em silêncio levantou-se da cama. Devagar já que não a queria acordar. Ela dormia e ele ficou a admirar os contornos dos seus lábios que lhe traziam o sabor do céu e a cor da música. Lentamente, libertou-a do seu abraço e dirigiu-se à janela.<br />Ainda a noite não se tinha despedido e ele abriu a janela, encostou-se ao parapeito e deixou que a noite a tocasse. A luz da noite e a brisa nocturna percorreram-lhe a silhueta que ele houvera percorrido com os lábios. Ela moveu-se e a pele arrepiou-se, exactamente como quando ele a beija no pescoço, quando com um beijo lhe diz o quanto gosta dela.<br />A brisa percorre o rosto dela, detendo-se suavemente nos lábios e sussurando o quanto têm para descobrir. Ele acende um cigarro, pensativo, figurativo e desejado...e fuma-o lenta e atentamente, como se através do cigarro pudesse descobrir tudo o que ela tem para lhe dizer. Então, inebria-se no fumo que dança à sua volta, provocando-o numa brincadeira de crianças e ele deixa-se levar na sucessão rítmica de tragos de fumo. Por ele, por ela...por ambos que são únicos.<br />A noite vai-se diluindo em manhãs prometidas e o sol pede permissão para entrar no quarto, enquanto ele continua preso a ela na distância dum olhar que amanhece. Ele aproxima-se da cama, afaga-lhe os cabelos numa carícia desejada e acorda-a suavemente com um sorriso que traz consigo o despertar. Ele beija-a. Ela retribui o beijo. E ele num sussurro deseja que ela amanheça todos os dias com ele.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1147809966815520372006-05-16T21:05:00.000+01:002006-05-16T21:06:06.830+01:00Aconteces em mim...<p class="MsoNormal">Deixei que tomasses o teu lugar em mim, aquele que tantas vezes me neguei. Aquele que tantas vezes te neguei. Foram tantas as que por mim passaram, foram tantas as que por mim quis que ficassem. Mas apenas tu aconteceste em mim. Apenas tu que apagaste presenças do passado e que me lês silenciosamente nesta sucessão de palavras desavindas.<br />Aconteceste em mim. Deste nome a todas as minhas palavras e conquistas-me sempre que me olhas nos olhos e me pedes um beijo. E nesse momento aconteces em mim, porque sei que sou teu e tu também me pertences neste jogo de bocas que se encontram. Aconteces em mim sempre que nomeias cada um dos meus silêncios, porque podes ser tu. Ou não. Mas para quê falar de futuros se é o presente que temos em mãos? E neste presente trago-te em mim, aconchego-te no meu peito e procuro a tua boca para te segredar que cada vez mais aconteces em mim.</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1146247815717715302006-04-28T18:41:00.000+01:002006-04-28T19:10:15.820+01:00A sangue tatuei o teu nome...Escrevi a sangue o teu nome em mim para que me corresses nas veias. E foi por ti que sangrei, como sangraria agora e outra vez. Apenas por ti e para ti. Apenas para que cicatrizasses em mim. Para que o teu nome me arrancasse esta pele de ausência, esta pele que há muito que está tatuada pelo teu nome.<br />Tatuei todas as letras do teu nome nesta corrente rubra de muito mais e deixei que revirasses as gavetas do passado. Contigo aprendi que as gavetas há muito que não deviam ter chaves e que dói mais a incerteza do que uma presença no passado. Pertenço-te nesta certeza de pactos de sangue e é contigo que partilho silêncios de fogo que tanto têm para nos dizer.<br />E hoje volto a dar o teu nome à minha pele, volto a sangrar por ti e quando me perguntares porque motivo o faço...diluo todas as razões em ti e responder-te-ei que o faço apenas para que me vejas cicatrizar com um sorriso. Porque se um dia me magoares quero que o faças a sorrir.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1145647945246220322006-04-21T20:28:00.001+01:002006-05-10T18:06:56.633+01:00Devolução de sorrisos...<p class="MsoNormal">Deste corpo à vontade que de mim transborda e encontraste-me no mesmo lugar que apenas tu conhecias. E para quê falar de antes e depois de ti? Porque depois de te ter em mim, depois de te saber em mim, sei que estás onde sempre pertenceste. Neste lugar onde o tempo se confunde em vestígios de causas minhas.<br />Anda daí neste caminho de horas ardidas que reconheces como tuas sendo minhas. Anda daí que esta é a estação das chuvas. Volta a pegar na minha mão como pegaste na minha vida e vamos correr à chuva.<br />Vem acordar-me por dentro no teu beijo de silêncios cúmplices. Adormece a noite que há em mim e absolve-me dos passos que nos afastaram. Vem com a chave que o amanhã encerra e sorri para mim. Sorri apenas.<br />Apenas te peço que sorrias, apenas a ti que me beijas as lágrimas com o teu sorriso. E é tão bom sorrir-te de volta.<br /></p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1145012321790001492006-04-14T11:58:00.000+01:002006-04-14T11:58:41.800+01:00Asas de fogo...<p class="MsoNormal">Porque pertenço ao fogo. Porque em mim escorrem labaredas líquidas que abraçam a cinza de tudo aquilo que não te disse. Sou lava e tempo de tudo mais.<br />É de fogo esta mão que te estendo. Olha-me nos olhos e vem somente porque eu também vejo fogo no teu olhar. O mesmo fogo que me alimenta. Vem sem medo de te queimares, porque se te queimares será em mim que vai arder. <span style=""> </span><br />Vem voar comigo que as minhas asas são de fogo. Vem conhecer o outro lado do céu que se revela por nós. Vem que eu prometo não largar a tua mão. Porque o meu fogo é o teu fogo, a minha mão é a tua mão e as minhas asas são as tuas.<br />Voaremos juntos e quando o cansaço nos tomar eu aconchego-te no meu peito e as minhas asas de fogo fechar-se-ão sobre nós até ao nascer do dia.</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1144497791445796982006-04-08T12:20:00.000+01:002006-04-08T13:03:11.560+01:00Vens comigo?...<p class="MsoNormal">No fundo sabia que não percebias quando te perguntava pelo caminho. Não percebias quando te pegava na mão, quando te olhava nos olhos e permanecia em silêncio. Não percebeste a sombra no meu beijo nem quando deixaste de estar em mim.<br />Lembro-me quando, um dia, me pediste uma fotografia do meu amor por ti. Vesti-o da cor do tempo e procurei que o reconhecesses em ti, sobretudo que te reconhecesses em mim. Rasgaste todos os meus retratos. Porque o meu amor tem as cores da sepia e tu nunca deixaste de procurar as tuas cores.<span style=""> </span><br />Caminhei descalço por todos os lugares que foram nossos, porque eu conhecia-os de cor. Procurei por ti e olhei-te nos olhos. Estendi-te a minha mão, apontei-te um caminho, violei códigos de silêncio e segredei-te ao ouvido: “Não largues o meu olhar. Vens comigo?”<br />Apenas os meus passos ecoaram no espaço. Não vieste. <span style=""> </span></p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1142787455263554742006-03-19T16:42:00.000+00:002006-03-24T13:28:32.940+00:00Se não for tarde demais...<p class="MsoNormal">Não podia esperar mais por ela. Não mais, porque o tempo de ambos era desigual. Fechada a porta, ele procurou em si todos os sinais dela. Um por um, enumerou-os, ordenou-os e guardou-os em conjuntos de memórias dispersas no fumo perverso de um cigarro. Primeiro, a música que deambulava pela casa, que se escondia pelos recantos e que adormecia na cama de ambos. Ele expulsou-a de si, guardou-a em partituras de despedidas e trocou-a por inquietantes silêncios.<br />Depois fechou os olhos e encontrou o aroma da presença dela entranhado nele. Tinha cheiro de sofreguidão e inconsistência, mas não de amor. Ela que falava das várias formas de amor, mas não sabia o que era o amor. Ele deixou escorrer, demoradamente, a água pelo corpo, esperando que esta o lavasse da presença dela.<br />Muito mais haveria a fazer…rasgou cada uma das palavras que ela lhe deixou e sorriu com a facilidade com que o fez, afinal as palavras dela eram vazias. Perguntou a si mesmo por onde mais poderia ela estar e a resposta veio sob a forma de momentos e de fotografias. Misturou fotografias e momentos e deixou que ardessem por ele, quando não haveria mais ninguém por quem arder. Pensou no que fizera e não houve culpa. Afinal não tinha porque se sentir culpado.<br />Nenhum romance foi pensado para ser vivido a duas pessoas. Paradoxal? Desconcertante? Talvez, assim era ele neste jogo de assimetrias que o definia. Foi isto que ela não chegou a perceber, porque enquanto forem dois, não haverá lugar para a unicidade que define o amor.<br />Ele mostrou as mãos que esculpiram a sal e a cinza, o mar que um dia conheceu, passou-as levemente pelos lábios retirando tudo o que restava do beijo dela e a sorrir murmurou: “quando souberes amadurecer o que realmente queres…podes voltar no encontro do tempo e no arredondamentos das horas com o meu modo de te sentir.” <o:p></o:p></p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1142187815722412082006-03-12T18:20:00.000+00:002006-03-12T18:31:28.676+00:00Foste tu que me perdeste...<p class="MsoNormal">Ouvi o bater seco da porta ao fechar enquanto dormia. Ainda havia o teu perfume nos lençóis que abraçavam o meu corpo, enquanto procurava o teu ao meu lado. Abri os olhos procurando por ti e não estavas. Perguntei por ti e respondeu-me a tua ausência. Apostei comigo mesmo que seria momentânea, como tantas outras. Um até breve disfarçado de adeus, como tantos outros. Aqueles que te disse. Aqueles que me disseste.<br />Deixei que o tempo se contasse entre cigarros fugazes e justificações para a tua ausência. Passos lá fora. Serão os teus? Não. Seguramente não são os teus. Se o fossem já terias entrado por essa porta. Nunca poderiam ser os teus, porque esses eu conheço de cor, mas bastou-me esta ilusão para saber que ainda espero por ti. Como tantas outras vezes.<br />Não houve um bilhete de despedida e as chaves deixaste-as propositadamente na fechadura. Pelo lado de dentro. Deixaste-me preso a ti, ao porquê de tudo isto e à vaga expectativa do teu regresso. Que egoísta foste, que não me deixas ser teu nem de mais ninguém. <span style=""> </span>E saíste deixando a porta bater. E eu ouvi-a bater. Foste tu que me perdeste. Foste tu que fugiste. Foste tu que não quiseste mais. Foste tu que não me quiseste mais.</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1141300536677477072006-03-02T11:53:00.000+00:002006-03-04T14:24:40.326+00:00Da amizade...<p class="MsoNormal">Porque hoje só podia falar de ti. A ti que tanto me deste e me dás. Puro, lúcido, louco, sonhador, genial e amigo, eis a forma como te vejo. <span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><br />Sabias que és feito de música? Gemem violas nas tuas mãos que te segredam todas as palavras. Dedilhas as cordas dos meus silêncios e levas-me a soltar a voz que trago presa em murmúrios. És mestre na envolvência dos silêncios presentes que te fazem sentir tão perto, és fiel depositário de lágrimas e de sorrisos e de todas as palavras que apenas em nós tomam significado. Porque contigo eu sei que muitas vezes não preciso de falar, quando tu já sabes o que tenho para dizer. És tanto por seres assim e eu só te posso agradecer por isso.<br />Contigo a amizade tem cheiro a mar e relembra músicas que só por ti têm outro significado. Tu que me lês silenciosamente e me revelas quando me libertas em pássaros de fogo perante os teus olhos de amigo. De irmão, pois é isso que és para mim.<br />Por ti todas as noites são de boémia e amizade, de encontro e de partilha, do que é meu e teu. Por ti todas as noites são escritas a fogo e tatuadas a vento. Por ti todas as horas são de cinza anunciada.<br />Acendem-se candeeiros de almas à tua passagem em noites de horas acrescidas enquanto perdes o teu olhar enigmático e rebelde por todos os lugares. Porque tu pertences a todos os lugares, embora nem todos os lugares sejam dignos de ti. Acendemos mais um cigarro e trocamos palavras e silêncios…se fechares os olhos consegues ouvir que a música está no ar. Lembras-te do que te disse acerca de seres feliz?<br />Hoje tenho a certeza que não foi em vão, porque sei que se amanhã tiver de o fazer…fá-lo-ei seguramente e com um sorriso nos lábios.</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1140384921368750942006-02-19T20:39:00.000+00:002006-03-24T13:31:30.490+00:00Da dança...Da fusão do preto com o rubro da paixão. Com a mestria do pasó doble ouvi-te chegar com a paixão estampada nos olhos e o desejo tatuado no corpo. E de rubro te aproximas, sensual e envolvente, como se soubesses que sou teu. E eu olho-te nos olhos, altivo e desafiante, como se desconhecesse porque estavas ali.<br />A melodia escorre em gotas de suor banhando o chão que pisamos. Levantas a cabeça procurando o meu corpo. A minha mão encontra a tua e diminuímos a distância entre nós. Sentes o crescendo da intensidade com que te agarro contra mim? Com que mergulho no teu pescoço e te respiro ao ouvido, para logo em seguida te abandonar? Porque te abandono neste palco a rubi-negro tingido, insinuando-me a ti prostrada a meus pés enquanto te olho nos olhos.<br />E logo te levanto, trago-te a mim e conduzo-te sensualmente na sucessão rítmica do meu corpo, porque eu não sei estar sem ti. E tu segues-me nesta dança em que te entregas nas minhas mãos. Porque os meus passos são os teus passos e enquanto dois somos um só. O mesmo corpo. A mesma presença. Porque se nos subtraímos aos outros encontramo-nos cada vez mais um no outro.<br />Conduzo-te em passos largos que apenas tu consegues acompanhar. Somos sujeito e predicado do desejo e pedimos mais um do outro. Crescente intensidade da música que nos embala inebriados como se tudo fosse aqui e agora. É electrizante a tensão entre nós no permanente desafio de quem cai primeiro em tentação e beija o outro. Duas faces cada vez próximas que se reconhecem na geometria do sentir e do desafio.<br />A música está prestes a terminar, abandono-te no palco enquanto rodopias e eu aproximo-te de ti...sussurro no teu ouvido tudo o que tenho para te dizer e passeio os labios pela tua face. Lentamente com a certeza de quem conhece o destino, deposito na tua boca o beijo que só tu podes receber e retribuir.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1139677391842845812006-02-11T16:41:00.000+00:002006-02-11T17:03:11.883+00:00Da (In)certeza...Tudo o que ele tem para lhe dizer...hoje, amanhã ou quem sabe tarde demais:<br />"Soçobro perante as tuas certezas. Soçobro quando as tuas palavras me acariciam e me fazes sentir gostado. É dificil gostar de mim, sabias? Admiro a tua frontalidade desconcertante e eu jogo contigo o jogo da verdade. Aliás não podia ser de outra forma...pelo menos para mim.<br />Isto é tudo tão estranho...porque contigo dissipam-se as certezas e avolumam-se as dúvidas. Porque podes ser tu. Ou não. Porém nem eu nem tu somos detentores de certezas. Mas a tua incerteza faz-me sentir tão bem."<br />E tudo isto são apenas palavras, aquelas que antes se erguiam em recusas e hoje pertencem aos dois. Porque estas são as minhas palavras...para ti. Para ti que chegaste. Para ti, sacerdotisa do tempo e do sentir. Porque podes ser tu.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1138811385622102512006-02-01T16:17:00.000+00:002006-02-01T17:23:13.480+00:00Do corpo...Chegava como se este espaço fosse seu, como se o conhecesse desde sempre. Afinal conhecia todas as portas desta casa. Conhecia o bater da chuva nas vidraças e os lugares onde o silêncio era insidioso e se fundia e escondia em vícios solitários.<br />Dirigia os seus passos à sala à procura do fogo que lhe alimentava o corpo e encontrava a lareira apagada. No lugar do fogo encontrava cinza e mesmo assim estendia as mãos para se aquecer. Acendia velas e incensos e no desencontro das sombras deixava-se enfeitiçar pelos aromas inebriantes do desejo. A sala já era sua, geometricamente sua, e não lhe bastou. Procurava mais dele. Sempre procurou mais…demais.<br />Aproximou-se das janelas e abriu-as de par em par para que ele visse a dança da lua. E como se ela se apropriasse das palavras, disse que o amor dele era como as fases da lua. E que só ele não percebia isso. Disse-lhe que ele foi quarto minguante de amor enquanto se subtraía à paixão e ele, desconcertado pela veracidade do que se negava a reconhecer, recusou segui-la pelo corredor.<br />Ela desafiava todas as defesas dele e aproximou-se passo a passo olhando-o nos olhos. Depositou na boca dele o sabor das suas palavras com o seu travo a canela e ele destilava a entrega gota a gota apenas por ela, enquanto o seu amor se erguia em lua nova do sentir. Ela concedeu-lhe a sua mão, convidando-o a conhecer novas fases da lua e ele seguiu-a sem olhar para trás. Foram quarto crescente de desejo e chegaram à derradeira divisão. O quarto. E ele sempre soube que ela acabaria por lá chegar<br />Cruzaram a porta e o tempo e o espaço foram eles. Nada mais que eles, dois corpos desnudados que se reconheciam em luas cheias de fogo e mar. Pertenciam-se mutuamente e naquele instante eram suor, beijos e prazer. O odor dos seus corpos fundia-se sempre que se entregavam à busca do outro e ambos sabiam que já tinham esperado tempo demais.<br />Ela aconchegou-se no peito dele e num murmúrio disse-lhe “o teu corpo é a tua casa e eu já entrei nela”. Ele afagou-lhe os cabelos, beijou-a lentamente e olhando-a nos olhos respondeu-lhe “Tu sempre pertenceste a este lugar”.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1138137514116153582006-01-24T19:24:00.000+00:002006-01-24T21:18:34.220+00:00Por ti, apenas por ti...Rasguei as tuas depois de ter rasgado as minhas. Uma a uma com um sorriso vitorioso nos lábios, como se te quisesse mostrar que não preciso de ti. A mim abandonaram-me as palavras e como posso guardar as tuas, se as minhas não possuo? Vem que hoje espero por ti e trago no beijo o silêncio das palavras indizíveis. Vem esta noite ou mesmo amanhã...mas vem que eu espero por ti.<br />Vem que eu deixo a porta encostada e a luz acesa, mas espero que te lembres de bater antes de entrar. Anda que eu prometo que teremos música, a tua, a minha, a nossa. E hoje dançaremos juntos no mesmo compasso do beijo. A minha mão na tua mão, a minha boca na tua e o meu corpo no teu. Anda que eu espero ouvir a tua respiração no meu ouvido... e enquanto somos indivisíveis violas os meus códigos de silêncio e murmuras-me ao ouvido que és minha.<br />Tenho medo de me perder em ti. Tenho sobretudo medo de te perder quando já for tarde de mais para não doer. Não me peças mais do que te darei. Não posso dar mais de mim se me sentir preso a ti. Por isso deixa-me partir e sentir a tua falta. Pois se me deixares partir, terás a certeza de que voltarei para ti. Por ti.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1136847219300274792006-01-09T22:50:00.001+00:002006-01-09T22:53:39.300+00:00Amar-me-ás?...No início pensava que me protegia de ti. Pensava que tu, à minha semelhança, nunca me saberias preencher. Odiava quando me olhavas nos olhos e me dizias que eu estava a mentir. Que te mentia sempre que te dizia que não te pertencia. Sempre odiei quando não te podia ferir com as minhas palavras, porque já as conhecias bem demais. Odiava saber que estava à tua mercê e que apenas eu não o reconhecia. Odiava sobretudo saber que poderia amar-te mais do que estava disposto.<br />E agora entrego-me a ti, despido de passados que não te pertencem. A ti concedo a nudez do presente e é a ti que te peço que me guardes nas tuas mãos e me leves contigo. Anda, vem daí comigo. Venda os olhos se fores capaz e reconhece-me sempre que te fuja. Porque os nossos corpos falam a mesma língua do desejo e trocamos todas as palavras no silêncio de um beijo de mel e de fogo. Anda daí que temos tempo e violinos. Vem que a nossa eternidade pode ser hoje e não mais. Vem beber das minhas mãos a entrega que te neguei. Não me ames sem que te peça, amar-me-ás sempre que não te pedir?Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1136033348824374602005-12-31T12:28:00.000+00:002006-01-07T01:02:46.276+00:00E hoje as minhas asas são de fogo por vocês...Permita-me a liberdade do amanhã saber que se renovam os sentimentos. E hoje o que foi amor, amanhã será a sua recordação. E hoje o que é recordação, amanhã poderá ser amor. Permita-me o amanhã que me entregue ao mar e ressurja em marés de fogo. E hoje sou eu que me visto de labaredas para que me vejas arder...porque não posso renovar-me se não me deixar arder. Eu sou tempo, palavras e imperfeições...e isso é o que tenho para ti.<br />Hoje vou procurar cada rosto quando olhar o céu, hoje concedo à minha noite um manto de sorrisos e vou guardar todos os lugares em mim. Hoje vou abraçar cada um de vós, vou rasgar a facilidade das palavras e guardar apenas aquelas que têm o aroma da veracidade. Hoje vou guardar todas as mãos na minha, vou chorar a sorrir, vou inundar-vos com a minha presença e no fim quando todos os olhares estiverem sobre mim...vou saber de cor os vossos relevos e todos os vossos lugares.<br />Vou seguir em frente, mesmo que cada passo me rasgue a pele e me faça sangrar. Hoje sou imune à dor se vocês a partilharem comigo. Hoje caminharei sobre a areia em direcção ao mar e vou mostrar-vos as minhas asas de fogo...vou voltar-me para trás, despedir-me-ei de vocês a sorrir e levanto vôo. Porque todos vocês me fazem voar.Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1135427441045263282005-12-24T12:28:00.000+00:002005-12-24T23:45:16.933+00:00Tenho um beijo para ti...<p class="MsoNormal">Faz-me falta acreditar. Em ti. Em mim. E em nós que por ventura irá existir. Faz-me falta acreditar que serás tu a dar-me a mão, que serás tu que te vais sentar ao meu lado em frente ao mar. Sabias que eu sou apaixonado pelo mar? Faz-me falta acreditar que caminharás comigo em alamedas de fogo, lado a lado sem medo de me perder.<br />Sinto a tua falta, agora que tatuei a aceitação no meu corpo. Fazes-me falta, agora que rasguei a maioria dos meus medos. Sabias que o meu maior medo é perder-te? E por isso, é que te fui iludindo na sucessão da distância e da comunhão.<br />Hoje, chamo por ti. Somente por ti, um rosto ainda sem nome que me dará a plenitude do ser e o êxtase do prazer. Vem que eu hoje deixo a porta aberta à espera que chegues e vou fechar os olhos para reconhecer apenas os teus passos. Passa a mão no meu rosto e olha-me nos olhos. Sabes que eu já te guardei em mim? E quando te agradecer por teres chegado, selarás o silêncio com um beijo. Há beijos que vão além do banal encontro de duas bocas. Beijos que conhecem o rasto da alma e têm guardado o som das chuvas. Beijos que trazem o sabor do amanhã no contorno dos lábios e cujo movimento das línguas denuncia o desejo de entrega irracional. Porque há beijos que nos despem e pedem por mais. E tu? Quando é que me vais encontrar?</p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1134939696870194152005-12-18T21:00:00.000+00:002005-12-18T21:01:36.883+00:00Não me basta mais...<p class="MsoNormal">Porque desta vez és tu que o podes fazer. Sacrifica tudo o que não te dou e parte sem olhar para trás. Tantas foram as vezes em que fui eu que te sacrifiquei e nunca pensei em ti! Não era em ti que pensava quando o fazia. Apenas em mim.<br />Quero que caminhes sobre meus vestígios e me dês o renascimento com a lâmina do teu punhal. Vem…rasga o meu peito com o teu silêncio e destitui-me da regência deste império de recusas. Não sei porque esperas se te encontro enquanto durmo, se a noite se veste com a tua presença e se os teus passos são os meus. Não me faças esperar mais…eu que tantas vezes fiz da espera o meu brasão e da recusa escudos de sentir.<br />Vem e destrói-me…porque apenas tu o poderás fazer, tu que me vencerás no meu perverso jogo das relações. Destrói-me… a mim que sou a inconsistência dos afectos e instabilidade da entrega, porque comunguei tempo demais destes versículos do vazio e da negação que eu professo. E os sinos dobraram tantas vezes por ti. E hoje dobram por mim em apelos de bronze.<br />Não tenho mais porque esperar por ti se nunca por mim esperei… serei eu a entregar-me ao sacrifício e a entregar-te o punhal em mãos. Sacrifica o meu corpo que ainda te resta, mas não me vendes os olhos. Deixa-me ver enquanto me corrompes com a tua presença e me gritas por dentro em murmúrios de silêncio.<br />Vem. Sou eu que te peço. Vem tomar o que tantas vezes neguei. Porque um corpo não te basta mais. Não me basta mais. </p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1134406259220333072005-12-12T16:38:00.000+00:002005-12-12T16:50:59.280+00:00Açor...<p class="MsoNormal">Tens no olhar aromas de maresias e o calor de torrentes de lava, e tu melhor do que ninguém soubeste respeitar códigos do silêncio que por momentos impus entre nós. Abriste a janela e deixaste que a noite ouvisse o que tinha para te dizer. E por momentos o silêncio foi pesado, contudo eu sabia que aquele era o momento para me libertar das amarras do passado. Chorei contigo, expus as minhas fragilidades e dei-te a conhecer feridas que nunca chegaram a cicatrizar. Não me arrependo de o ter feito entre esperas, silêncios e cigarros e foi reconfortante sentir-te tão próximo, na tua presença silenciosa e disponível.<br />És angra em mim e limpaste as minhas lágrimas com a celebração das palavras que em ti tomam a forma do voo de um açor. Sabias que podes voar? E sempre que voares, eu abrirei as minhas asas e voarei contigo. Porque o teu caminho é o meu caminho e a tua felicidade é a minha. És a vitória do fogo feito lava e do renascer do amanhã. Imortalizaste momentos e levaste-me a acreditar que eu também posso ser feliz. E eu não tenho dúvidas de que tu vais ser feliz, uma vez que mereces sê-lo.<br />Deste-me a conhecer uma ilha que tens por tua e eu mostrei-te a ilha do meu derradeiro eu. Inundaste-me em marés de generosidade e foste istmos de terra basáltica que eu não sabia existirem.<br />E hoje não posso falar da distância entre nós, sei que estás guardado no calor de um abraço, no aroma de uma noite que parecia ter horas acrescidas apenas por nós, no brilho do teu olhar e nas longas caminhadas perto do mar. Deixei-te tanto de mim e trouxe tanto de ti.<br />Deste um nome à amizade, contigo ela também se chama Martim. Tu és transcendência e aliança. Renovação e utopia. O encontro sincero da amizade. E por seres assim eu facilmente abdicaria de mim sem olhar para trás sequer. Sem remorsos. Sem culpa.<br /></p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1133912860824674882005-12-06T23:43:00.000+00:002005-12-09T18:37:15.023+00:00Nomes de fogo...À medida que o brilho passa, a luz de um olhar perdido dissimula o perigo de ignorar a poeira de um precário acto de vida. Um dia perguntei-te para onde estavas a olhar, respondeste-me que procuravas no fundo dos meus olhos um pouco mais do que aquilo que te dou. Sabias que ainda existes na minha pele? Ainda me corres nas veias, aquelas que um dia eu quis acreditar serem vazias demais para nós.<br />Na ilusão de um tumulto disperso a loucura queima ao sabor do tempo, esse precioso e único instante de desagregação das horas em sedimentos de medo.Em voz muda, surdina, o grito de desespero, esse frágil murmúrio que permite sofrer na (in)certeza da dor. Tive medo de te perder. Só que esse medo sempre foi inferior ao de te encontrar. Guardei por demasiado tempo as minhas cinzas e tu eras o vento a quem eu jamais quis entregar as minhas fragilidades. Sim, fui eu que preferi perder-te em deixas de certeza do que conhecer o sabor do improviso das palavras incertas.<br />Na queima em chama crivada, pedaços de corpos são escolhidos ao pormenor por entre restos de cinzas que nos deleitam na morte; na certeza da dor da nossa própria poeira que nos permite arder. Pedaços de dois corpos que existiam numa realidade física, contudo jamais foram âncoras que prevenissem o naufrágio de um nós inexistente. Fragmentos de entregas e de paixões instintivas que se alimentavam da seiva transcendente de um eu e de um tu feito nós. E tudo isto não existiu em mim. Nunca existiu em mim.<br />São horas de vigília, suicídio aparente, metamorfose de uma chama/luz que acendemos e suspiramos na angústia dos nomes que repetimos em orações de esperança. Ergui mosteiros de reclusão e dei o teu nome ao silêncio, para logo depois o violar em celebrações de distância. Celebrei a tua ausência em salmos de mais além e confissões de passados para me aperceber que regressas ao lugar que nunca chegaste a perder em mim.<br />Queimam e ardem nomes de fogo que nos arrastam num infinito descontrolado do nosso próprio saber ou apenas se alimentam da combustão do ar que respiramos e que nos consome; tornando-nos imóveis, escravos, servos, reféns de uma guerra insana de falsos presságios de uma conquista futura. Não chegámos a conhecer o futuro e o nosso presente foi limitado. Larguei a tua mão e dei-te bússolas e astrolábios para seguires, afinal fui eu que te dei asas quando mutilei as minhas. Porque fui eu que não quis voar contigo.<br />Rogamos pragas, rezamos aos céus, queremos chuva, água, mar; que chova como nunca choveu, que nos inunde e arraste como nunca o fez, nos afogue, apague finalmente essa chama de uma prece vinda numa hora de ilusão e que permita o disfarce de lágrimas em água no disfarce de um choro que nos faz sofrer. Dói demais que nos vejam sofrer. Que chova e que o mar conheça as nossas lágrimas de sal e dor, mas apenas no esboço de um monólogo.<br />Uma chuva nas cinzas das horas que nos traga união, evapore, seja o perfeito disfarce desse nosso sangue fugitivo que nos domina, nos mitiga, nos engana em doces e tentadoras letargias.<br />Eu? Poderei ser um dos restos dessa poeira branca e negra contida nos aromas, sons, silêncios invisíveis e nas infinitas promessas de um futuro amanhã; na espera de tudo, do nada, ou na procura de uma ténue chama de doces fantasias. Procuro opostos, semelhantes, equilíbrios de uma sentença de amor, ou apenas uma forma única de sentir, embora a minha alma enfrente somente um gelo frio que nunca conseguirei vencer, enquanto continuar a contaminar os modos de te encontrar e a vendar os modos de te sentir. Porque eu sou assim e tu não sabes de tudo isso.<br />Tu? Serás o outro lado das horas solitárias, a comunhão do devir dos instantes, a descoberta dos nossos corpos como se fosse sempre a primeira vez, a simbiose do fogo com o vento, prólogos e epílogos das horas Tu serás o que és para mim, o que és, bem como serás um eu, um tu e um nós. Chegarás a ser?<br /><br />Walter e OrfeuWalterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1133378127795928012005-11-30T18:55:00.000+00:002005-11-30T19:36:43.536+00:00Hoje, apenas por hoje se ainda quiseres parar...<p class="MsoNormal">Detém-te aí. Não me procures, sobretudo não te procures em mim. Dissolvo os teus passos na corrosão que de mim emana e deixo arder as tuas palavras. Não te aproximes mais. Fá-lo por ti, se não puderes fazê-lo por mim.<br />Porquê continuares a fingir? Tu também sabes que todas as minhas razões são ácidas e que em mim corre o veneno da distância com o suave aroma de café. Vais-me tomando lentamente, continuando a dissolver o açúcar que nunca te ofereci em movimentos circulares. <span style=""> </span><br />Insistes em recriar sentimentos de areia quando sabes que me visto com o refluxo da maré e a direcção do vento. Parece que não sabes o efeito das marés sobre as pegadas na areia.<br />Pára de caminhar. Não feches os olhos porque assim não verás o que quero que vejas. Não corras que posso não estar onde pensas que estou. E a distância deixa de existir, dado que te encontras junto a mim. Procuras o lugar do teu corpo no meu peito e percorres o meu pescoço com os teus lábios. A tua boca encontra a minha e declaras a entropia da minha segurança. Sou teu. Envolves-me numa troca de carícias entre dois corpos que se conhecem. E não há espaço para as palavras, o meu corpo é o teu corpo e o teu também me pertence. Porque não há dois corpos. Apenas nós.<br />Fechas os meus olhos com um beijo e dizes que assim estás guardada em mim. Como se não estivesse impregnado com o teu cheiro. Tens cheiro de magnólias e das chuvas de Outono. Adormecemos o desejo e sou feliz enquanto te dou o hoje e o agora, porque podemos não saber dividir o amanhã. </p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7593302.post-1132510092364591872005-11-20T18:05:00.000+00:002005-11-20T18:55:47.150+00:00Não em ti...<p class="MsoNormal">Porque a minha noite não é igual à tua, porventura nem nunca chegaram a ser iguais. Fui demasiado egoísta para partilhar contigo a noite que tenho por minha, contudo inebriei-te com uma outra noite, com a noite que tu desejavas e que recriei à tua medida. Só não era a minha noite.<br />Dei-te a transcendência do prazer imediato, um mero encontro de corpos que se reconheciam pelo toque e que adormeciam juntos, mas nunca a entrega e a redenção. Por momentos os nossos corpos falaram a língua da cumplicidade e subverteram todas as regras e princípios. Por momentos fomos significantes e significados, bem como sintaxes e semânticas que se anularam nos arredondamentos das horas. Percorri o teu corpo com sofreguidão procurando encontrar-me em ti e na confusão dos sentidos. Do calor dos corpos, do sal do suor, dos gemidos, da fusão e do prazer avulso.<br />E hoje não és senão mais um corpo, uma vaga lembrança do que um dia foi estar próximo do amor temporário. Dei-te noites de lua cheia para que não visses eclipses e concedi-te o cálice da entrega sem nunca conhecer o seu travo.<br />Porque a minha noite não é igual à tua. Porque a minha noite não é tua. Porque posso dormir contigo mas não em ti.<br /><span style=""></span></p>Walterhttp://www.blogger.com/profile/04958504703365931943noreply@blogger.com16