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Thursday, July 15, 2004 

As lágrimas não abrem portas...

Hoje vagueei pelo quarto todo o dia. A porta continua fechada... e hoje a chave deu mais uma volta na fechadura...é claro que está pelo lado de dentro...tudo o que fica do lado de fora atormenta e ameaça.
Não tive coragem para ir até à janela. Demasiada luz... Alguém pode ver-me! Antes do anoitecer não me aproximarei dela.
As horas arrastam-se e finalmente anoiteceu! Lá fora acendem-se as luzes dos primeiros candeeiros. Distingo um vulto. Caminha na minha direcção mas não me vê. Sentou-se no banco e chorou. Convulsivamente. E eu observei em silêncio.
Despertou em mim uma súbita vontade de o ajudar. Mas tenho que sair do meu quarto! Detenho-me!
Alguém precisa de mim! Corro para a porta. Rodo a chave uma vez e outra. Tento abrir e ela não cedeu. A porta não abre. A chave está presa.
Ouço passos na rua...o desconhecido seguiu o seu caminho. Quando passou por um candeeiro, a luz apagou-se. A escuridão e ele fundiram-se numa só alma. Numa só dor. Una e indivisível.
Da janela assisti ao seu afastamento progressivo. A culpa e a tristeza assolam-me por nada ter feito. Estou novamente sozinho. Como sempre. Para sempre. Benvinda companheira de todas as horas. Benvinda solidão.
Apago a luz...agora a escuridão e a sombra estão comigo.
E choro...por ele e por mim.

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