Wednesday, July 28, 2004 

Heterónimo da Pessoa

Congrego em mim vestígios de existências
Presenças de quem não pediu para viver
Na ânsia de ao tomá-las
Esquecer-me de mim
Torná-las reais e fazê-las minhas

PS- Ouvi chamar por mim quando lá fora chovia! Como não respondi...ouvi passos!Bateram à porta...
Será real ou será apenas uma das minhas existências que se evadiu e está de regresso?
Continuo à espera de respostas...

Thursday, July 22, 2004 

Show must go on...

Quando a vida te fizer beber do cálice da tristeza o sentimento de perda e de vazio...procura o cálice da saudade e bebe-o de um trago só! Esse é o primeiro passo para não esquecer ninguém!
A vida é efémera mas as recordações são eternas...
Recordar-me-ei sempre daqueles que perdi! Viverei por eles!Eles viverão em mim!
Show must go on...

Sunday, July 18, 2004 

Há tanto tempo entre hoje e amanhã...

Não acredites em tudo o que te disse. Acredita apenas no que quiseres. No que for verdadeiro para ti...mas só por hoje!
Tudo aquilo que te disse hoje pode não ser verdade amanhã. Será verdadeiro enquanto o dia não passar. Acredita enquanto o infinito e toda a eternidade for hoje. Nada mais...
Esquece as palavras que te disse hoje. Rasga as cartas que te escrevi hoje. Queima as fotografias que nos eternizaram hoje. Amanhã não corresponderão à verdade.
Há tanto tempo entre hoje e amanhã...
Amanhã novas verdades revelar-se-ão a ti.
Enquanto estiveres aí...

Thursday, July 15, 2004 

As lágrimas não abrem portas...

Hoje vagueei pelo quarto todo o dia. A porta continua fechada... e hoje a chave deu mais uma volta na fechadura...é claro que está pelo lado de dentro...tudo o que fica do lado de fora atormenta e ameaça.
Não tive coragem para ir até à janela. Demasiada luz... Alguém pode ver-me! Antes do anoitecer não me aproximarei dela.
As horas arrastam-se e finalmente anoiteceu! Lá fora acendem-se as luzes dos primeiros candeeiros. Distingo um vulto. Caminha na minha direcção mas não me vê. Sentou-se no banco e chorou. Convulsivamente. E eu observei em silêncio.
Despertou em mim uma súbita vontade de o ajudar. Mas tenho que sair do meu quarto! Detenho-me!
Alguém precisa de mim! Corro para a porta. Rodo a chave uma vez e outra. Tento abrir e ela não cedeu. A porta não abre. A chave está presa.
Ouço passos na rua...o desconhecido seguiu o seu caminho. Quando passou por um candeeiro, a luz apagou-se. A escuridão e ele fundiram-se numa só alma. Numa só dor. Una e indivisível.
Da janela assisti ao seu afastamento progressivo. A culpa e a tristeza assolam-me por nada ter feito. Estou novamente sozinho. Como sempre. Para sempre. Benvinda companheira de todas as horas. Benvinda solidão.
Apago a luz...agora a escuridão e a sombra estão comigo.
E choro...por ele e por mim.

Tuesday, July 13, 2004 

Quem és tu que me vejo reflectido?

No quadro onde me encontro e encerro existe um espelho. Situado entre a porta fechada e a única janela lá está a sua presença incomodativa!As suas arestas agressivas e cortantes como punhais são testemunhas da da sua existência aterradora.
Eu temo o espelho e não encontro explicações para tal! Talvez seja devido à presença desconhecida que nele se reflecte e assombra!Aproximo-me cautelosamente...afinal o medo sempre foi meu companheiro de algumas horas! Passo a passo caminho na sua direcção...vislumbro um vulto que congrega uma presença! Do outro lado surgem contornos familiares...e estranhos! O mesmo rosto, o mesmo olhar, o mesmo corpo...mas quem lá está reflectido? A dúvida assola-me!A dúvida permanece!A dúvida angustia-me...
Interrogo quem está no espelho. "Quem és tu que eu não conheço?"
O silêncio devolve-me a pergunta como uma carta sem destinatário! Repito a pergunta novamente...outra vez e outra...infinitamente. A resposta estranhamente não surge...o silêncio rasga todas as respostas não verbalizadas!
Sinto-me ameaçado e num acesso de fúria incontida parto o espelho!Dizem que azar...nunca fui supersticioso!
Os vidros partidos estão no chão. O sangue escorre pelo corpo e banha os vidros! Agora vejo mais que uma presença reflectida...todas estão raiadas a sangue!
O golpe é profundo...a dor é suportável!Sinto-me humano!
Estou seguro novamente...até quando?? Não há mais presenças ameaçadoras!

Monday, July 12, 2004 

Eu não sou o caminho, eu não sou a verdade ,eu não sou a vida...

Hoje o dia amanheceu cinzento...a luz mortiça do meu quarto começou a invadir o exterior!A chuva bate nas vidraças violentamente como mãos angustiadas e agonizantes! Doce melancolia aquela em que me encontro!Triste melancolia aquela em que perco! E hoje que a chuva adquire tons de revelação! Procuro o caminho, procuro a verdade e a vida!
Descobri no baú das recordações uma carta duma pessoa que não conheço!Não sei quem é o remetente...mas o destinatário sou eu!
Dizia simplesmente...

"A verdade da mentira"

Se alguém perguntar por mim
Diz que não me conheces
Pois mesmo mentindo
Dirás toda a verdade
Este será o nosso segredo
A nossa verdade escondida
A nossa mentira partilhada
E se mesmo assim
Te recusares a mentir
Permanecerás na mentira
Mas não sofras por isso
Jamais alguém perguntará por mim

Lá fora a chuva continua sem parar...e eu que não conheço o caminho vejo-me revelado!
Eu que não conheço a verdade...escondo-me!Eu que não conheço a vida...fecho a janela!De qualquer forma ninguém perguntará por mim!Só a chuva o saberá dizer...

Sunday, July 11, 2004 

Lá fora a noite caiu...a janela aberta....a rua deserta....procurando respostas

Estou oprimido pelas 4 paredes erguidas que delimitam a masmorra a que me habituei a chamar de quarto! Hoje abri o cadeado dos grilhões que me prendiam...com cuidado não vá o mundo lá fora ser ainda mais assustador!A prudência aconselhou-me a tal!
A porta continua fechada, mas a a janela atrai-me até ela!Quarto minguante...a noite caiu...e os lampiões debatem-se para sobreviver ao denso nevoeiro!
Saio e sou nevoeiro!Afinal também aprendi a esconder-me!Hoje deixei de ser meu refém!Pelo menos por enquanto...
Refém?!É esse o termo...
Sigo os caminhos que me levem onde os outros foram porque ainda não descobri o meu!Ainda sou nevoeiro neste caminho!
Na rua descubro um jornal antigo...amarelado!Uma folha húmida abrigava algumas letras escorridas como lágrimas; nela desenhava-se um discurso poético pleno de significado!Tanto significado que as palavras ainda ecoam na minha cabeça...

Raio de esperança

Sinto-me noite!...
Abro a janela,
devagar,
sem ruído,
não vá afugentar
aquele raio de esperança,
o único a raiar
no horizonte
da minha lembrança!...
Aquele que me alenta,
causa alegria
e me atormenta!... Manuela Carvalhão

Continuo sem encontrar ninguém no caminho!Começou a chover...a estrada transformou-se num pântano lamacento!Deixei a janela aberta...quero voltar!Mas que lama é esta que me impede de regressar ao meu quarto? A chuva aliou-se ao vento...não consigo regressar!Estou encharcado e preso!
Acordo...afinal não saí do quarto!A tempestade era mais uma tempestade interior!

Saturday, July 10, 2004 

Quando vieres à minha procura não me irás encontrar...

Dentro de quatro paredes sempre a mesma realidade- apenas e só quatro paredes erguidas, uma porta fechada e uma janela para outra vida!Dirijo os meus passos até ela, abro-a tentamente e deixo-me envolver pela noite.
Ouvem-se passos e ninguém vagueia pelas ruas. O diálogo flui. Questiono-me e questiono quem não passa. O que tens para me dizer? Lá fora o silêncio cúmplice como resposta...

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