Wednesday, July 27, 2005 

Sorrisos e feridas por cicatrizar...

Com a mestria de quem tem algo a esconder quando tudo está revelado, assumo aquilo que durante longas sucessões de horas me recusei a aceitar. Tantas foram as horas fundidas em compassos de espera. Intermináveis foram as horas em que fui assaltado pelo medo que recuperasses o teu lugar em mim.
Agora que a tua ausência ocupa o meu lugar assumo que preciso de ti. Preciso de te sentir, agora que só sinto o vazio da tua ausência e o teu silêncio tão físico. Preciso de ler o contorno dos teus lábios e conhecer as palavras que não tens para me dizer. Recolher essas tuas palavras inebriantes com sabor a fogo e a mar.
Queria guardar o teu sorriso nas minhas mãos e fechá-las de seguida para não te perder. Então permaneceria teimosamente na recusa e não mais as abriria até que a dor lancinante da perda me rasgasse a pele e me queimasse as palavras e as ordens do silêncio. E aí eu sangrava pela tua ausência, deixava fugir o tempo e quando despertasse em mim o amanhecer, abriria as mãos e as feridas não mais existiriam, pois teriam sido cicatrizadas pelo teu sorriso.

Wednesday, July 13, 2005 

Alquimias de silêncios...

Entretanto vou conhecendo os silêncios. Misturo-os em solventes universais, filtro-os em soluções e descubro-me noutra revelação de alquimias silenciosas. Todos os silêncios soam de modo diferente agora que sei que a minha noite tem o tamanho da tua.
Já conheço de cor os teus silêncios, também conheço a cor deles, assim como conheço essa tua chuva de prata. Conheço os teus apelos silenciosos e reconheço as palavras que me devolves nesse diálogo amordaçado de sentimentos.
E agora sou eu quem recusa falar, sou eu quem usa o silêncio para diminuir a distância que nos une. Vem ouvir com a tua boca o que tenho para te dizer, vem conhecer as palavras que só assim te direi.

Friday, July 08, 2005 

Há muito que não se ouvem passos...

O quarto estava vazio, tão vazio e tão cheio de mim. Caminhei, o soalho rangeu. Parei uma e outra vez, parei novamente e deixei de ouvir os meus passos. Inventei passos diferentes para ouvir quem sabe os teus. Não ouvi. Apenas o som dos meus passos, há muito que não oiço os teus.
Recusei continuar a procurar-te, encontrei-te em todo o lado, em todos os lugares que nunca deixaram de te pertencer. Sempre estiveste na tua ausência.
Abri a janela na esperança de te ouvir chegar, nesse caminho de promessas e de sonhos. Não te ouvi chegar, nem sequer te aproximaste. Recusei procurar-me, pois sabia que ao encontrar-me, encontrar-te-ia em mim para mais um encontro de desconhecidos.
Fechei a janela, não te ouvi chegar. Continuei a caminhar pelo quarto…acho que ouvi os teus passos. Há passos que se reconhecem em plena marcha de silêncios febris. Fingi reconhecer os teus passos outra vez. Ninguém caminha por aqui. Não são os teus passos.

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