Saturday, May 28, 2005 

A minha ausência paira em planícies de silêncios...

Guardo todas as palavras que não me abandonaram em mais uma construção minha. Tão frágil como todas as outras. Imperfeita como todas as demais. Tão minha. E neste espaço denuncio a ausência que me inunda, que sobe as escadas do tempo e que se dilui em fragmentos sussurrados por vozes inócuas. Vazias e despojadas de si mesmas como se nunca houvessem encontrado lugar em alguém.
E aqui a noite é cega e os sentidos mudos. Aqui percorro auras de ausências e reconheço os murmúrios sibilados pelo vento que pairam desatentos em planícies de silêncios. Aqui sucumbo ao tempo e anuncio de todos os fogos, o fogo, de todas as horas, as horas e de todas as ausências, a minha.

Thursday, May 19, 2005 

Manuscritos de sentir...

Gosto de sentimentos manuscritos de personagens etéreas que clamam por vidas que não as suas e que se rejeitam como se a vida lhes escapasse por cada palavra desperdiçada.
Gosto de sentir o que não se sente, meras descrições de fogueiras de sentimentos inquisitórios que se redimem e transcendem os recônditos subterfúgios onde se escondem todas as formas de sentir. A minha, a tua, a de todos e, ao mesmo tempo, a de um qualquer ninguém tornado alguém pela simples destilação da sua presença.
Não procuro sentir o que todos sentem, mas se o sentir traduzi-lo-ei em silêncios ébrios e nunca em palavras que se desfazem febrilmente em cadernos negros de escrita nocturna.
Gosto de sentimentos que se esbatem em línguas de mel e mar e se diluem em encontros casuais e soberanas rendições de vontades intrínsecas a algumas formas de ser.
Procuro sentir o que sinto, somente sentir de modo puro e definir esta multiplicidade líquida. Procuro sentir e descrever-me com um qualquer sentimento. Banal como tantos outros que mergulham nas minhas veias e celebram pactos de sangue em altares humanamente meus.
Gosto de me sentir deste modo. Gosto de me sentir assim.

Sunday, May 15, 2005 

Transparências...

Erguem-se vozes no deserto com transparências de cristais e no instante esfíngico em que te perco penso que não sou tão transparente como mereces que eu seja, contudo se o fosse não seria o mesmo para ti que te entregas incondicionalmente e me dás o céu que guardas na nudez das tuas mãos.
E quando o cristal se partir por cada fraqueza minha amar-me-ás com o mesmo amor que codifiquei em segredos meus? Segredos que não te devolvi, pois mesmo nossos jamais serão teus! Meu apenas e de mais ninguém.

Sunday, May 01, 2005 

Noctivagamente (t)eu...

A noite foi uma vez mais ecléctica em sentidos, a mesma noite que se revelou insidiosa em vícios quotidianos e certezas insondáveis. Neguei a minha reclusão interior, cedi ao seu apelo e deixei-me invadir pela sua transcendência involuntária.
Concedeu-me a envolvência de melodias de prata e de brandos silêncios desatentos, trouxe-me aromas de lua cheia e aparições breves de melancólicas brumas outonais. Foi palco de renúncias e de clepsidras e ampulhetas desiguais nas suas razões inoportunas que aprisionam metáforas de passados.
Aconcheguei-me em câmaras de segredos velados e procurei conforto no ventre das palavras e assim despedi-me da noite quando ela dobrou as esquinas do amanhecer e se diluiu no despontar oriental de mais um dia.

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