Monday, June 19, 2006 

Morrem as palavras em mim...

Morrem as palavras na minha boca, porque as não sei dizer como precisas ouvir. Morrem as palavras em mim e ressuscitam em silêncios de fogo e mar. Porque eu sou o fogo e tu o mar que me envolve.
Morrem as palavras na voz amordaçada, nesta voz que esculpia esperas e recusas. Morrem as palavras que trago nas minhas mãos, nestas mãos que se demoram pelo teu corpo, que procuram as tuas e, sobretudo, que te procuram.
Morrem as minhas palavras em mim para ressurgirem ao som de violinos e de pianos na tua boca, porque podem morrer as palavras em mim, porque posso silenciar o que tenho para te dizer com um beijo, porque podem gastar-se as minhas palavras, apenas porque sei que ouvirás o seu eco em ti. Eu cada vez mais oiço as tuas palavras. Cada vez mais te oiço em mim. Cada vez mais vives em mim. E tu ouves?

Monday, June 05, 2006 

Amanhecer...

Em silêncio levantou-se da cama. Devagar já que não a queria acordar. Ela dormia e ele ficou a admirar os contornos dos seus lábios que lhe traziam o sabor do céu e a cor da música. Lentamente, libertou-a do seu abraço e dirigiu-se à janela.
Ainda a noite não se tinha despedido e ele abriu a janela, encostou-se ao parapeito e deixou que a noite a tocasse. A luz da noite e a brisa nocturna percorreram-lhe a silhueta que ele houvera percorrido com os lábios. Ela moveu-se e a pele arrepiou-se, exactamente como quando ele a beija no pescoço, quando com um beijo lhe diz o quanto gosta dela.
A brisa percorre o rosto dela, detendo-se suavemente nos lábios e sussurando o quanto têm para descobrir. Ele acende um cigarro, pensativo, figurativo e desejado...e fuma-o lenta e atentamente, como se através do cigarro pudesse descobrir tudo o que ela tem para lhe dizer. Então, inebria-se no fumo que dança à sua volta, provocando-o numa brincadeira de crianças e ele deixa-se levar na sucessão rítmica de tragos de fumo. Por ele, por ela...por ambos que são únicos.
A noite vai-se diluindo em manhãs prometidas e o sol pede permissão para entrar no quarto, enquanto ele continua preso a ela na distância dum olhar que amanhece. Ele aproxima-se da cama, afaga-lhe os cabelos numa carícia desejada e acorda-a suavemente com um sorriso que traz consigo o despertar. Ele beija-a. Ela retribui o beijo. E ele num sussurro deseja que ela amanheça todos os dias com ele.

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