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Tuesday, September 28, 2004 

"A melancolia não é um arfar febril, é brando alcoolismo de silêncios..."

Subitamente e sem qualquer indício começou a chover. Agora que sinto a suficiência da chuva, vejo fugir ao esquecimento alguns momentos em que choveu.
Escoltado pela acção da volúvel memória surge a representação de uma noite de temporal. Relembro como choveu toda a noite. Assisti melancolicamente à fúria da chuva na vidraça da janela do quarto que tenho como meu. É estranho como são indissociáveis estas duas realidades- chuva e melancolia...
No som surdo da ébria chuva que se estilhaçava nas vidraças descodificava-se um apelo. Apenas queria entrar. Talvez a chuva esteja cansada do seu isolamento e eu nunca lhe abri a janela. Nunca entendi o seu sofrer.
Enredo-me em considerações sobre a chuva. Agora tenho uma nova concepção desta, a consciência da sua intrínseca suficiência conduziu-me a tal.
A chuva não se derrama somente em pingos fugazes, a chuva reveste-se de toda a melancolia e prostra-se a nossos pés. Contudo, eu voltarei a fechar a janela e a melancolia, essa dissolvê-la-ei na sombra dos meus passos.
Nas arcarias nuas e outonais em que me abrigo, a chuva continua a cair. E aqui não há janelas. A chuva cai, pingo por pingo, melancolia por melancolia, silêncio por silêncio... ininterruptamente.

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