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Thursday, August 26, 2004 

O mestre das horas desiguais...

Antecedentes da partida...partirei para me procurar. Para me perder em presentes que se tornarão pretéritos. Para me encontrar em futuros que não serão meus. A noite será testemunha da minha partida. Esta noite que se prolonga indefinidamente. Esta noite que assinala a desigual passagem do tempo.
A janela está aberta. Antes de partir vejo-me inundado em marés de recordações. Ergo-me e fecho a janela. Um olhar para o exterior e ninguém vagueia pela rua. Ninguém se encontra com a madrugada nos becos que tardarão a convergir em ruas. A janela está fechada. Tenho medo que as minhas recordações se evadam. Apenas serão minhas se as mantiver encerradas em mim e nesta divisão. As recordações não existem para serem partilhadas. As recordações existem para serem guardadas até se diluírem no vazio do esquecimento.
As horas parecem não passar. Paradoxalmente, as horas passam velozmente. Vejo-me assombrado pela irreal existência do tempo. Esse mestre das horas intermináveis. O mestre das horas passadas e por passar. Todas as horas são diferentes. Todas as horas são desiguais. Porque sou diferente a cada hora que por mim passa.
O guardião do tempo despede-se. A partida está iminente.
Há uma carta de despedida por escrever. Escrevo a despedir-me de mim mesmo e de todas as existências que não partirão. A carta diz somente:

Partirei! Vou procurar-me em todos os rostos que encontrar. Em todos os lugares por que passar.


Ninguém lerá esta carta. Contudo, irei partir com a ilusão de que alguém saberá onde me encontrar. Chegou a hora de partir. Corto as amarras que me prendem. A passagem inelutável do tempo assim o determinou.



As recordações… algumas, sim, devem ficar só para nós mas a melhor forma de promover a imortalidade das coisas é partilha-las sem dúvida  . Ao fim ao cabo, somos seres partidos, divididos, cada pessoa que se cruza está um bocadinho de nós…por isso, é que nos encontramos nos outros.

A Polegar ;)

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