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Thursday, October 27, 2005 

Golpes de frio...

Sinto frio pelas palavras que não disse, aquelas que deixei perdidas num lugar onde o tempo impera, numa adição desordenada de horas cáusticas. Sinto frio quando gemem guitarras que impedem que o amanhã adormeça na minha boca, aprisionando-o em escalas e claves de sol.
De tanto o que me é permitido sentir, apenas o frio. O mesmo frio que se passeia no olhar e se cristaliza numa multiplicidade de faltas intrínsecas. E eu oiço o frio escorrer e bater nas vidraças porque me faltas. Porque te falto. Sobretudo porque me falto.
Sinto frio quando a bússola é apenas uma palavra. Não mais do que uma palavra. Vazia. Fugaz. Sinto frio quando caminho descalço em trilhos marmóreos de ninguém, nesta heteronomia que esculpe a cinzel as minhas fragilidades.
Sinto frio quando as luzes se apagam em metades inatingíveis e a noite me segreda limites. E em cinza edifico razões, esta cinza que um dia foi lava e fogo. Continuo a caminhar envergando máscaras de sorrisos quentes que rigidificam afectos e me envolvem em labaredas de silêncios dormentes. E hoje não tenho senão frio e a nudez do presente…eu que um dia fui tochas, tempo e vulcões.

Hoje, nem frio sinto. Há demasiado tempo que me recuso a sentir e todos os meus filamentos nervosos se tolheram em si próprios como raízes de árvores que apenas se sugam umas às outras recusando qualquer alimento exterior. Hoje nem o frio me alimenta porque o calor de outros tempos me queima na boca e impede-me que saboreie qualquer temperatura actual.
Hoje não haverá lareiras acesas, sons de eucalipto queimado ou cheiros de corpos suados. E todas as brasas se consomem e anulam na cinza dos tempos.
Talvez amanhã eu sinta a brisa, um qualquer sopro de luz que me transporte aos cumes nevados de outra qualquer montanha. Talvez...

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Despimo-nos dos papeis que inventamos para nós. E só um dia, por um só momento, sentimos o frio da nudez, de sermos nós, sem mascaras. Havera frio mais doce?

Às vezes preferia sentir o frio gelado e transparente do que o opaco calor dos sonhos que me faz quaimar até ficarem apenas cinzas...

da chuva que cai agora lá fora sinto-lhe o frio vindo escorregadio por entre a fresta da janela desta porta entreaberta...

um abraço

a partir d momento em k faltamos a nós mesmos, passamos a n sentir nd mais d k o frio arrepiante d abandono...*******************

Parabéns! Pelo fabuloso texto


O pesado reflexo
que desenho
nos limites
não é senão
legenda
lugar
vertigem
verso de uma foto revelada
fria!
enquanto
presença de todas
as penumbras
em realidades insuspeitadas
é como um crepúsculo
para além do olhar
paredes
letras
em corpos ao longe
no interior de cada pontuação
quente!
vêm as cores
que não cabem num só espaço
desenha-se...
numa dimensão oculta
a primitiva
construção de uma janela
da sombra
sai o fogo
que se une ao frio
em ângulos abertos

Um beijo

Também eu nao sinto muito calor... no entanto eis-me aqui munida de um aquecedor velhinhu e de um casaco já meio esfarrapado...
ternamente envolvo-te num abraço...
já sentes a temperatura a subir?... (sem segundas intençoes)!!!

so para mandar um grande abraço caro Walter. espero que estejas melhor e que tudo tenha corrido bem... (os meus parabéns atrasados....) desculpa
abraço Pedro

Uma nova pele, será inicío de uma nova mudança?

Gosto mais assim!!!

abraço

Tambem gostei das cores... mas prefiro as tuas palavras... Tens andado a perguiçar?

eu gostei muito. principalmente disso: "Sinto frio quando gemem guitarras que impedem que o amanhã adormeça na minha boca, aprisionando-o em escalas e claves de sol."

.
.
.

abraço,
e apareça.

edu

Uauuuuu,mas que mudança e ficou lindo :)

Continuas a escrever com alma de poeta.

Beijoka da Lina (mar revolto)

Tantas vezes que o frio me invade, tantas que o calor me queima...Não sei se será loucura ou negação, mas necessito de sentir Golpes de frio, de calor... dia após dia, só assim me sinto vivo. Hoje senti não frio mas o calor quente das tuas palavras...
Um abraço

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