E cai em torno do ocidente o reduto das recordações orlado em chamas...
Toma-me a pretensão de regressar ao quarto. Ironicamente a chuva que dele me retirou é a mesma que acompanha o meu retorno.
Enquanto caminho oiço sirenes de bombeiros que cruzam o silêncio da noite. Alaridos da multidão que se interroga e aflige em emoções vazias. Alguém exclama que o moínho está a ser consumido pelas chamas. Acaso será verdade? O clarão no céu assim o indicia.
Dirijo-me a ele seguindo passos heterónomos. É esquisito como o mórbido prazer da destruição nos domina. Perdido na hipotética veracidade desta afirmação acerco-me do lugar onde se encontra situado o moínho. Este aparece envolto em chamas.
As labaredas cumprem indomáveis a sua missão, a água é ineficaz perante a acção una e conjugada do fogo e do vento. Esta é a aliança de destruição celebrada por ambos.
Indubitavelmente trata-se de um grandioso espectáculo de luz. O moínho será destruído e não haverá aplausos.
Dou por mim a pensar que o curso das nossas recordações não deveria desaguar no mar do esquecimento. Inelutavelmente acabaremos por abrir mão delas, contudo considero que a ter que perdê-las, estas deveriam ser consumidas pelo fogo, uma vez que mesmo reduzidas a cinza, não deixariam de existir. Apenas ressurgiriam sob nova forma. Mais do que mera destruição, o fogo assume o carácter de transformação e do renascimento.
À medida que os momentos se sucedem, o fogo cumpre a sua natureza. O moínho é agora cinza, escombros e nada... vulgares vestígios do que houvera sido. Decido regressar ao quarto pois nada mais há para ver.
Detenho-me e lanço para trás um último olhar. Reconheço o gato preto que novamente fita a lua. Nem a destruição do moínho perturba os seus serenos êxtases ao luar.
Findo o espectáculo e encerrado o pano, o último espectador abandona a plateia.
Regresso ao quarto.
Enquanto caminho oiço sirenes de bombeiros que cruzam o silêncio da noite. Alaridos da multidão que se interroga e aflige em emoções vazias. Alguém exclama que o moínho está a ser consumido pelas chamas. Acaso será verdade? O clarão no céu assim o indicia.
Dirijo-me a ele seguindo passos heterónomos. É esquisito como o mórbido prazer da destruição nos domina. Perdido na hipotética veracidade desta afirmação acerco-me do lugar onde se encontra situado o moínho. Este aparece envolto em chamas.
As labaredas cumprem indomáveis a sua missão, a água é ineficaz perante a acção una e conjugada do fogo e do vento. Esta é a aliança de destruição celebrada por ambos.
Indubitavelmente trata-se de um grandioso espectáculo de luz. O moínho será destruído e não haverá aplausos.
Dou por mim a pensar que o curso das nossas recordações não deveria desaguar no mar do esquecimento. Inelutavelmente acabaremos por abrir mão delas, contudo considero que a ter que perdê-las, estas deveriam ser consumidas pelo fogo, uma vez que mesmo reduzidas a cinza, não deixariam de existir. Apenas ressurgiriam sob nova forma. Mais do que mera destruição, o fogo assume o carácter de transformação e do renascimento.
À medida que os momentos se sucedem, o fogo cumpre a sua natureza. O moínho é agora cinza, escombros e nada... vulgares vestígios do que houvera sido. Decido regressar ao quarto pois nada mais há para ver.
Detenho-me e lanço para trás um último olhar. Reconheço o gato preto que novamente fita a lua. Nem a destruição do moínho perturba os seus serenos êxtases ao luar.
Findo o espectáculo e encerrado o pano, o último espectador abandona a plateia.
Regresso ao quarto.