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Tuesday, September 28, 2004 

Todas as portas são subterfúgios de fragilidades...

Dou por terminada a minha cruzada quando abro a porta do quarto. Vejo-me recebido por todas as existências que por aqui ficaram e por todas as dúvidas que por cá deixei.
A carta de despedida encontra-se no mesmo lugar, ninguém a terá lido. Tomo-a em minhas mãos e releio-a. Apercebo-me que deixei a porta aberta e apresso-me a fechá-la.
Se tudo neste quarto é comum ao meu interior, conforme alguém me disse, então encerrarei a porta pois temo que aquilo que tenho como meu se evada e me abandone.
Vejo-me absorvido numa rede de considerações sobre a utilidade das portas. Defendo que são construções defensivas, vulgos escudos para mascarar fragilidades. Afinal esta é a minha inacção habitual.
Concluo que as pessoas crescem, amadurecem, sofrem e edificam portas, pois enquanto crianças todos nós escancaramos os nossos seres e à medida que crescemos tendemos a convergir em nós e para nós próprios. E aí construímos todas as portas.
Falta-nos somente encontrar as chaves que as abrem, chaves essas que tantas vezes fingimos não encontrar.

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