Monday, June 27, 2005 

Meia-noite de metade de mim...

Lá fora a noite caiu e o tempo não se encontrou em ninguém. Esta é a noite de todas as horas. De todas as horas que conhecem o rio do tempo. Esta é a noite das horas imprecisas. Meia-noite de respostas vagas, de horas semi-inteiras de intenções e de mãos que se dão sem se encontrarem. Meia-noite de luas que te dou, de entregas incondicionais mesmo sem te reconhecer sempre que não passo por ti.
E esta é a noite em que os tempos mudam e em que os minutos são desiguais na sucessão do devir. Meia-noite de nobres certezas e de razões que hoje guardo e que amanhã serão abandonadas. Meia-noite de metade de mim.

Thursday, June 16, 2005 

E subitamente as palavras seriam reais...

Como seria se as palavras tivessem uma mesma raiz, uma mesma existência física? Como seria se as palavras, outrora inertes, ressurgissem em moldes de gesso? Todas as palavras numa colecção infinda de nomes, adjectivos e conjugações verbais que teimam em cair no esquecimento. Assim seriam reais as palavras que não ouso proferir, as palavras que se perdem na esfera dos silêncios, a mais perfeita forma da convergência das horas.
Guardaria as palavras sufocadas por um qualquer espectro de raiva surda, conceder-lhes-ia o sopro da eternidade e tornaria a dar-lhes a vida que brotaria das minhas mãos. Juntaria as letras como quem junta passos desconhecidos ao longo do caminho que a tarde percorre até se diluir no infinito dos sentimentos. Esculpiria palavras de gesso para as tornar reais e no momento em que elas me faltassem, aproximar-me-ia e escolhia um pouco mais de amor.

Wednesday, June 08, 2005 

Uma outra página em branco...

Uma página branca como tantas outras, como todas as outras. Passeei o olhar por ela, um olhar vago e perdido naquela imensidão penetrante, alva e obscura, naquela página onde as palavras se traduziram no desencontro do papel com o sentir. Estendi-lhe a mão e deixei que os meus dedos fossem envolvidos pelo silêncio desconhecido que se instalou entre nós, naquele instante em que o tempo foi desigual.
Uma página branca que se desconhece entre as demais, sendo reconhecida pela violência com que desfere os golpes que rasgam os silêncios eternizados em imagens e momentos. Desviei o olhar e folheei esta página. Uma nova página se sucedeu numa corrente incontrolável de ameaças veladas. E tantas vezes somos mais uma página em branco que folheamos displicentemente. E essa certeza dói! O que esconde esta página que não se deixa escrever?

Wednesday, June 01, 2005 

Encontraste-me?...

Ando à tua procura nas horas que por mim passam, nas horas nuas que ainda não te pertencem sendo tuas. Erguem-se em silêncios os passos rasgados que nos conduzem um ao outro, como se nunca te tivesse perdido. Mostra-te e revela-te em afectos nus, vem e beija-me no espaço de um instante. Vem…
Sabes que mais…ando à tua procura! Ando à minha procura em ti. Encontraste-me?

on-line

Powered by Blogger

online
Spyware Remover Page copy protected against web site content infringement by Copyscape