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Wednesday, October 06, 2004 

Alguém disse que as tempestades não se propagam no vazio...

A espera é como uma escultura terminada da autoria de um qualquer desconhecido. Uma obra que expande a sua constância para além das fronteiras da eternidade. As horas parecem recusar a sua própria sucessão e arrastam-se penosamente tornando a espera insustentável.
Renuncio a todas as formas de ser e rendo-me ao vazio. Não sou somente uma parte do vazio, hoje entrego-me e entrego-lhe a minha existência. Hoje sou o vazio das emoções.
Desvendam-se os primeiros indícios de uma tempestade. Sinto aproximar-se o tornado dos sentimentos. O céu escurece e condensam-se as nuvens de inquietações. Não tardará o início da tempestade.
A cumplicidade da espera e do vazio cumpriu finalmente todos os presságios… a tempestade chegou. Arrasadora e incontrolável como sempre. Encontro dispersos os fragmentos das emoções que não possuo. A fúria incontida do tornado revela assim a fragilidade destas.
A tempestade transcende a sua natureza revolta e eu vejo-me exposto a ela, pois não encontro qualquer refúgio. O tornado deixa atrás de si um rasto de destruição que se prolonga até ao infinito, no qual se confundem sentimentos e inquietações que resistem a regressar ao seu lugar congénito.
Lentamente a tempestade amaina e mergulha na indolência como um gigante adormecido. Passada a tormenta, o sentimento de vazio mantém-se intocável. Sinto-me vazio. Há sentimentos que resistem a qualquer temporal. E esta foi apenas mais uma tempestade interior.
Alguém afirmou à luz da ciência que nada se propaga no vazio. Erro crasso. Esta tempestade demonstra o inverso.
O vazio domina-me e a espera permanece.

O vazio domina-me, a espera permanece ...e as tempestades sucedem-se...

Mindinha:(

Dizes tão pouco e tanto ao mesmo tempo...
Efectivamente assistimos à sucessão das tempestades. Não podias ter referido melhor final.

Deixa que as tempestades se sucedam e caminha até ao seu centro, pois o epicentro das tempestades somos nós próprios! Para quê fugir de nós?

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