As minhas convicções são frágeis construções de areia...
Vivia com a convicção de que me tinha tornado inacessível, como se todos os caminhos estivessem à minha margem. Como se eu me furtasse a todos os encontros, mesmo aqueles que não chegaram a ter lugar. Pensava que me tinha tornado inexpugnável, como se todas as defesas que se edificaram em mim estivessem revestidas de suficiências de vidro.
Este era o mundo em convicções erigido, no qual me tranquei por dentro e fiz questão de me esquecer de todas as chaves. Este era o mundo que comungava das minhas certezas tão frágeis e que se protegia em muralhas de lugares perdidos e mãos vazias.
Foi então que surgiste, estilhaçaste as minhas paredes de vidro e caminhaste sobre estes resquícios meus. Serenamente enquanto o vidro te rasgava a pele seguiste impune à dor e era a mim que me doía. Inundaste as minhas fragilidades com a tua presença e deixaste arder as minhas fronteiras de imperfeições. E com a inocência de uma criança caminhaste sobre as minhas defesas como quem destrói castelos de areia.
Sim
Há sonhos que não chegam a ser sonhados
Castelos derrubados em chão de lama
Poeira em redemoinhos
Punhais que ferem até às entranhas do ser
Um dia acordamos
Percebemos que tudo está no chão
Mas nós estamos vivos
E ainda que fechados a sete chaves
Percebemos que erguemos num grito
Toda a existência
E aí somos felizes...
É um texto soberbo este que acabo de ler.
Um beijo
Posted by mar revolto | 1:20 am
O poder do amor. Beijo
Posted by Marta | 10:28 am
são essas, as pessoas especiais, que conseguem mudar algo em nós.
beijinhos
Posted by rita | 6:27 pm
Quem ama-mos é capaz de fazer o que quer fazer de nós...
Posted by Luís | 9:42 pm
http://js-mangualde.blogspot.com/
heheheh...
Gostei de te ler!
não te conhecia bem. Beijo, BShell
Posted by BlueShell | 12:23 am
Quando nos agarramos demasiado às nossas convicções e certezas, elas acabam por perder conteúdo e razão de ser. E aí sofremos mais quando deixamos alguém penetrar no nosso mundo.
Avassalador este post.
Abraço. Solidário. Martim
Posted by Martim | 9:54 pm
ultimamente tenho mudado as minhas convicções de uma forma muito rápida. é assustador. parece que fico sem saber quem sou, mas acredito ser tudo uma evolução necessária e penso estar a mudar para melhor. nunca me fechei como tu... não consigo imaginar o que sentes mas deve ser qq coisa entre violação e invasão salpicado de imenso prazer e medo... mas deves estar a passar um momento muito bonito na tua vida. e espero q não te voltes a fechar, pelo menos tanto. beijinhos
(gosto muito do que escreves... vou linkar-te)
Posted by a | 10:37 pm
Acreditei demasiado tempo que não amar era a forma mais segura de não se ser magoado.
Mas descobri que não amar magoa outros e que as "dores de amor" também nos fazem felizes...
Descobri que amar (também) é mostrar uma ferida em carne viva e confiar que o outro não lhe vai pôr o dedo.
E é construir ou/e destruir castelos de areia ou vento...
Até breve.
Posted by Chocolate | 3:10 pm
Muralhas que criamos de protecção ao sofrimento...ao Amor. Tudo fazemos para não chorar, para não perdermos controle de nós mesmos...ficamos assustados se tal acontecer, se ficamos desprotegidos ao sofrimento mundano. Mas...até um dia porque não somos indiferentes ao Amor e quando ele nos apanha seremos escravos para a eternidade...alvos fáceis na vida.
Muito obrigado pelas tuas palavras. Um abraço
Posted by Morfeu | 6:32 pm